São onze horas da
manhã, as portas de aço dos botecos se abrem e os homens se aglomeram dentro
deles como corvos em volta da carniça. Enquanto uns ascendem cigarros, outros
pedem cervejas e doses de cachaça. Acomodam-se nas cadeiras e mesas e começam a
jogar baralho ou dominó.
A poucos metros dali outro grupo de
cachaceiros comentam sobre os seus escassos serviços de pedreiros, pintores,
eletricistas, recicladores, etc. Tudo
isso ao som de Aviões do Forró, Calypso, Amado Batista e outros grupos do
cancioneiro nordestino.
Enquanto isso
mulheres passam apenas para levarem e trazerem seus filhos de colégios ou
postinhos. Algumas mais sortudas passam com pequenas compras feitas nos
mercadinhos e sacolões.
A minha arte, o meu Contini e meus jornais
parecem destoar das meninas lá fora a poucos metros de mim exibindo suas ventres inchadas,
resultado de algum relacionamento infantil. Outras belas ou nem tanto, utilizam
as calçadas como passarelas para mostrar
suas roupas extremamente curtas e apertadas, os tiozinhos e rapazes dos botecos
agradecem . Garotos passam pra lá e pra
cá, com seus celulares tocadores de musicas de gosto duvidoso, falam sobre
mulheres, tretas, jogos, drogas e garotas.
Minha situação difere das crianças mal
vestidas, sujas e descalças jogando bola ou soltando pipas, brigam, se divertem com o pouco que tem.
E os velhos e velhas, bem, alguns com seus
carrinhos improvisados recolhem lixo a serem reciclados e outros apenas
sentam-se em banquinhos e olham o tempo passar. Tanto eles como as crianças já
não se importam com o futuro. Afinal quem liga pro futuro? Deus e a nossa
presidenta já esta se encarregando disso.
É só mais um dia em Carapicuíba...
Excelente!
ResponderExcluirValeu David!!
ResponderExcluirÉ só mais um dia em qualquer lugar, não muda mto.
ResponderExcluirBOm texto.